5 Dicas - Alimentação das crianças

Ontem a Organização Mundial de Saúde lançou um documento que reporta a necessidade urgente em diminuir a Obesidade Infantil no Mundo - podem consultá-lo aqui.
São medidas urgente à escala mundial, que mostram-nos dados dramáticos tais como:


A obesidade infantil limita o bem estar físico, social e psicológico das crianças, e é um risco conhecido de obesidade em adultos. 
81% dos adolescentes não atingem 60 minutos de atividade física diária. (que é a melhor forma de reduzir o risco de diabetes, doenças cardiovasculares e cancro, e de melhorar a capacidade de aprendizagem, saúde mental e bem-estar)

A realidade não é muito diferente aqui na região. Acompanho várias crianças, nem todas com excesso de peso ou obesidade.
Acompanho crianças cujos pais preocupam-se (e bem) com o estado nutricional dos filhos:  "se comem bem? Se comem o suficiente? Para crescer, para o desporto, para a escola?"; E acompanho crianças onde os pais que desesperam pela melhoria da saúde e do peso dos filhos.

Tendo em conta este assunto que para mim, como profissional de saúde, é bastante sensível e importante, hoje trago-vos alguns itens para deixar os pais a pensar - do que pode ser feito para que as crianças comam bem!


1) Qualidade

Todos os alimentos que escolhemos dar aos nossos filhos devem ter um propósito nutricional positivo. Ou seja, devemos evitar alimentos doces e salgados, fritos e com origem demasiado processada ou desconhecida. Devemos preferir alimentos naturais, simples, integrais e que nós conhecemos como "comida de verdade".
Por exemplo, sabem como foram feitas umas bolachas que os seus filhos comem? Que ingredientes levaram, como será a receita, de onde vieram as plantações do cereal, qual o cereal, como foi tratado o cereal/planta, se houve alteração genética dos ingredientes... ou se ele precisa mesmo daquelas bolachas?
Não quero passar a ideia de que "a escolha é difícil", porque não é! Quero sim passar a ideia, que muitas vezes não sabemos o que lhes estamos a dar, e que devemos ser mais críticos em relação a estes factores!
Como sabem tenho um filho com 4 anos, e estou muito atenta aos comportamentos alimentares nestas idades. Vejo imensas crianças  a mascar pastilha elástica, ou comer bolachas de chocolate altamente processadas antes das 10h da manhã. A questão aqui não é a restringir, mas restringir a horas e momentos certos... estas crianças percepcionam que estes comportamentos são normais - e não o são! (Desculpem o desabafo)

2) Quantidade

Aqui não me refiro à quantidade dos alimentos saudáveis, mas sim dos que não o são. As gomas, batatas-fritas, bolachas doces, pães e bolos refinados devem ser limitados sem medo. Devemos estabelecer a quantidade de a hora. Por exemplo: apenas ao sábado ou ao domingo (ou numa festa), e que quantidades. Repito, sem medo.

3) Disciplina 

Cada família tem a sua rotina, e deve-a ter. Devemos estabelecer horários e frequências de refeições, e fazer com que a hora da refeição seja uma hora de tranquilidade, aprendizagem e conversa em família. E acreditem, eu sei o quanto isto custa.
Mas insistam e persistam, há vários estudos que mostram que:

- Refeições em família durante a infância e adolescência são fundamentais para os bons hábitos alimentares e maior qualidade de vida na fase adulta.

- Os pais devem ser o exemplo. Devem comer o que a criança come, e isto implica, a sopa e os legumes, e também não devem ter distrações como a televisão, tablets ou telemóveis durante a refeição.

Para que as crianças percepcionem a alimentação como importante, os pais também o devem fazer.

4) Variar e negociar 

A alimentação das crianças deve ser variada. A monotonia alimentar leva a desinteresse. Por exemplo: o meu filho Zé nunca se interessou muito pelo pequeno-almoço. Penso que se eu deixasse ele acordando às 7h/8h só se interessaria por comer por volta das 10h/11h. Claro que tentamos que isto nunca aconteça. Então temos uma ementa semanal para o pequeno-almoço do Zé, e foi ele que me ajudou a escolher as opções:

Segunda-feira: cereais sem glúten biológicos (são umas bolinhas de mel e chocolate) com um leite vegetal.
Terça-feira: Vamos sempre à padaria do lado de casa. Uma vez por semana vamos a esta padaria (é uma que da mesa conseguimos ver os barcos da marina). Ele come sempre um pão integral com queijo e bebe um compal essencial (é o capricho da semana).
Quarta-feira: 1 ovo cozido + 1 banana (porque tem que ir rápido para a escola)
Quinta-feira: cereais (os mesmos) com iogurte natural de cabra ou de ovelha.
Sexta-feira: panquecas de aveia com sumo de fruta natural.
Sábado e domingo: ele escolhe, mas normalmente volta a escolher as panquecas.

Há varias tabelas que podem ser feitas... sigam o exemplo e organizem a semana. Eu por exemplo só tenho que organizar o pequeno-almoço e o jantar (as restantes refeições o Zé faz na escola, e a mesma fornece a ementa com antecedência). Depois posso fazer um post de como preparar a ementa semanal para casa.








Mas para os lanches, negoceiem falem com eles e façam mudanças graduais. Mais sobre este assunto, vejam este post.

5) Controlar

Muitas vezes falo com pais que não fazem ideia do que os filhos comem durante o dia. Se comem nos lanches da escola, o que almoçam e o que escolhem. Sinto que apenas em consulta é que sentem que "perderam o fio à meada", não deixem que isto vos aconteça. Ajudem a preparar o dia a dia alimentar e conversem mais sobre o tema.

A alimentação também é um ato de amor e carinho. Quando os pais organizam as refeições dos filhos, estão a emitir sinais de cuidado e atenção. Uma criança que tem a lancheira preparada em casa pelos pais, é uma criança que sente que os pais cuidam. 

Assim de repente tenho muitas mais coisas para vos dizer, mas o post é longo e não continuariam a ler... se tiverem dúvidas ou questões ou sugestões, não hesitem em perguntar!
Espero ter ajudado.




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